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Os índios Cadiuéu ou Kadiuéu são descendentes dos famosos Mbaya-Guaicurus, "Índios Cavalheiros do Pantanal", famosos no passado por terem sido excelentes guerreiros. Nos conflitos escondiam-se no dorso dos cavalos para iludir os inimigos, fazendo-os crer que os animais estavam sem montaria. Destacaram-se pela tenaz resistência, imposta aos espanhóis e portugueses, em conflitos na bacia do rio Paraguai quando da colonização do Brasil. A região em que vivem situa-se na serra da Bodoqueira, entre Bonito e Jardim, no Mato Grosso do Sul, num território de 100 mil hectares. Suas principais atividades são a criação de gado, a agricultura de subsistência, a caça, a pesca e o artesanato. Os Cadiuéu são muito admirados pelo excelente trabalho que realizam com o barro, principalmente no que se refere à decoração das peças. Aplicam desenhos geométricos com cores fortes - preto, vermelho, ocre, amarelo, branco, verde etc. Os corantes utilizados são naturais: minerais e vegetais da região. |
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Produzem objetos utilitários e decorativos: potes, panelas, jarros, moringas, placas e animais. Nos utensílios usados para cozer alimentos não é prática aplicar decoração. As peças, depois de prontas, são deixadas secar ao ar livre, por muitos dias, antes de serem cozidas. As queimas não são feitas em fornos e sim em fogueiras a céu aberto. A modelagem das peças é realizada sem o uso do torno. O processo utilizado é o de cordões de barro, também conhecido como cobrinhas ou roletes. As paredes são levantadas, cordão por cordão, alisadas, interna e externamente, com o auxílio de uma ferramenta improvisada que pode ser um osso, uma pedra ou outro objeto. Os Cadiuéu são exímios nesta técnica, chegando a confeccionar jarras de um metro de altura, com excelente perfeição de forma. |
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A decoração é feita com pigmentos naturais de cores fortes. O verde é obtido de uma argila, com esta coloração, cuja jazida situa-se no meio de uma mata fechada. A tonalidade esverdeada certamente origina-se da decomposição, através dos tempos, de vegetais do local. Os tons amarelos e os brancos são obtidos de argilas encontradas na beira de córregos. O tom vermelho e o ocre obtêm-se de barro rico em óxido de ferro. O preto é obtido da resina da árvore, Pau Santo. O processo consiste em ferver, num recipiente, lascas, já secas, do tronco do vegetal. Com a ebulição da água, sobe uma resina para a superfície na forma de bolinhas, parecendo graxa. O material é então retirado, aos poucos, com um bastãozinho de madeira e introduzido num recipiente, com água fria, para endurecer. O processo vai se repetindo até que se seja formado um bastão. As argilas usadas como pigmentos na decoração "engobes" são primeiramente limpas, retirando-se todas as impurezas. Depois são postas a secar para, em seguida, serem amassadas, moídas e peneiradas. No momento de aplicá-las na peça, elas devem ser diluídas em água, para adquirirem uma consistência pastosa. Não são usados pincéis. Os corantes são passados com os dedos. Para que a impregnação das cores ocorra eficientemente, deve ser realizada após o término da queima, com a peça ainda bem quente. A primeira cor a ser aplicada é a preta, que exige uma maior quantidade de calor na peça. Faz-se passando o bastão, obtido do Pau Santo, nas áreas escolhidas. Como resultado, tem-se impressão semelhante à do verniz industrial, pois surge um tom forte e brilhante. |
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A fama dos grafismos dos índios Cadiuéu já chegou à Europa. Em 2000 o escritório "Brasil Arquitetura" de São Paulo, dirigido pelos arquitetos Marcelo Carvalho Ferraz e Francisco de Paiva Fanucci , venceu uma concorrência internacional para a recaracterização do bairro "Gelbes Viertel" em Hellesdorf, Berlim. Dentre as intervenções adotadas uma foi usar, desenhos da índias, em azulejos para serem aplicados nas fachadas e saguões dos edifícios. Com o apoio da FUNAI realizaram um concurso tendo sido selecionados seis trabalhos. Como remuneração a tribo recebeu direito autoral coletivo e as artistas premiadas, acompanhadas de um guia, visitaram a cidade e verificaram, “in loco” , a aplicação de sua arte em terras tão distantes. Abaixo os azulejos que foram industrializados e aplicados no projeto em Hellesdorf. |
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Os mesmos tipos de desenhos geométricos usados na decoração das cerâmicas são aplicados na face e no corpo dos índios, homens e mulheres, nas festas e rituais. Muito curioso é o hábito, moderno, das moças índias passarem batom nos lábios complementando, com muita beleza, |
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